Sobre Corujas




Em um bosque não muito longe da realidade viva uma espécie rara de corujas, as quais só podiam se alimentar de uma flor purpura que nascia em parentes distantes dos pinheiros. Toda coruja sabia que se alimentar do fruto levaria a perder as asas e padecer da infertilidade. Toda coruja sabia que apenas a flor a levaria aproveitar sua vida eterna. Era o que as mais velhas gritavam dentre as arvores. 

Toda tradição não impediu aquela grande Coruja albina a desejar o fruto. Todos sabiam que ela era estranha. Talvez uma aberração com aquelas asas brancas e aqueles olhos vermelhos assim como o fruto que ela desejava em silêncio. Ela sabia o que custava, mas não adiantava as flores eram tão belas e perfumadas que não despertava o interesse selvagem daquela predadora. O fruto por outro lado tão suculento tão vermelho.. tão irresistivelmente proibido. Por que não proibir as flores? 

Naquela tarde de Agosto a Coruja  estava mais pálida que o normal, estivera sem comer durante semanas precisava se alimentar. A flor estava próxima de seu bico. Não era o que ela queria. O fruto estava ali pendurado com um orvalho lhe enfeitando. A Coruja, soltou um último grasno. Não era capaz de violar as tradições. Não era capaz de se alimentar da flor. 
Simplesmente morreu de fome. 

de Everton M Barbosa. 

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