O conto a seguir foi feito a partir do conto: O criador de Mundos de ..
retratando um artista surrealista incompreendido que está internado no senatório . Eu resolvi fazer uma história dentro dessa história em homenagem a uma pessoa especial que a partir de hoje resolveu ser apenas ele. Espero que gostem!
Chloe Matinez estava no inicio de
sua vida profissional havia conseguido uma bolsa de estudos em uma renomada
academia de artes e conseguindo um estágio como escritora em uma pequena
revista sobre comportamentos psicológicos, não tinha muito a ver com que
estudava, mas o suficiente para manter o seu vicio por esculturas de vidro.
Em uma terça qualquer de Junho
teve que comparecer para uma visita em uma famosa clinicapsiquiátrica.
Precisava de material para sua coluna. Ao entrar foi recepcionada pela
enfermeira que logo passou as instruções. Como ficaria ali por mais de uma hora
teria que deixar para trás seus adornos chamativos assim seu casaco de pele
falsa com estampa de oncinha e seus anéis mirabolantes que havia feito em casa.
Vestiu um jaleco branco e um passe
visitas foi pendurado em seu pescoço. A
regra máxima. Não podia de forma alguma falar com nenhum paciente diretamente.
Andava pelos corredores da instituição
acompanhada de um enfermeiro que era de certo modo atraente, pouco se via atrás
daquele uniforme, mas o suficiente para saber que ele não era um atleta. Alto e
magro com os cabelos negros.
Seus olhos corriam pelas paredes brancas e as
portas de aço com pequenas aberturas que serviam de janela para dentro daquela
realidade alternativa em que aquelas os pacientes viviam. Foi até o fim do corredor e na ultima porta
algo lhe despertou o interesse se tratava de um paciente usando Boina
parisiense azul, uma camisa social branca por baixo de um blazer marinho e uma
calça social preta, completamente diferente dos outros que vestiam cores mais
neutras.
- Quem é aquele?- perguntou Chloe
ao enfermeiro, com os olhos brilhando.
- Edgar Verttis. É o ´´ artista
incompreendido´´ - Disse o enfermeiro como se curtisse uma piada particular. – Uma
parte de mim e do meu trabalho - brincou- Bom, vamos andando que está quase na
hora de você ir embora.
Chloe deu uma ultima olhada pela
abertura. Tentando entender a situação lá dentro. Edgar estava de frente para
um cavalete como se tivesse analisando e conversava com as paredes, mas em
seguida corria para trás do cavalete e conversava mais. Ela entendeu. Ele estava
interagindo consigo mesmo. Chloe não conseguiu evitar sorrir. Ela queria saber
mais. No caminho de volta encheu o enfermeiro de perguntas, mas não estava
satisfeita com as respostas. Seu interesse fez o coração bater mais rápido o
que não era bom sinal.
Em seu apartamento.Chloe fumava o
terceiro cigarro. Olhava para a tela de seu notebook. A matéria estava
incompleta. Ela não conseguia. Não conseguia parar de pensar em Edgar,aquele
rapaz de cabelos lisos e pele morena. Sua expressão enquanto conversa consigo
mesmo. Ela precisava vê-lo novamente. Estava obcecada. Logo... apaixonada, mais
uma vez.
Na terça feira seguinte Chloe
estava na recepção com a cara fechada. Fora impedida de entrar. Implorou e implorou
até que conseguiu. Na companhia de Brady, enfermeiro, foi andando o mais rápido
que pôde até chegar à ultima sala. Vazia. O enfermeiro que acompanhou o ritmo
explicou que o paciente havia tido um transtorno explosivo intermitente e
amarrado na camisa de força.
Semanas se passaram e Chloe só
pensava nele, As terças ia até a clinica para ver se haviam noticias, mas nada.
Brady percebeu que ela não desistira
fácil, por isso pediu o número de telefone disse que avisaria assim que
houvesse noticias. Foi numa quinta que ela recebeu a noticia de que Edgar havia
melhorado. Naquela manhã se arrumou rapidamente e foi ao metro com o sorriso no
rosto. Entrou na clinica. Cindy a enfermeira já apontou para o jaleco branco.
Brady a fitava com um sorriso como se ela tivesse perdido o juízo o que de
certo modo era verdade.
Brady a conduziu para o pátio. Lá
estava ele sentado no banco usando sua boina azul. Chloe sentiu um frio no
estomago era exatamente como se lembrava. Parecia calmo. Ela olhou para Brady
com um olhar que suplicava para poder ir falar com ele. Brady bufou resmungou
algo sobre ela ser louca. Retirou o passe de visitante e colocou um de
enfermeira. Entregou lhe um cavalete e um carvão vegetal e passou instruções
detalhadas. Ela teria que ser cautelosa se não ele perderia o emprego.
Chloe respirou fundo e foi. Um
passo de cada vez seu coração bateu mais rápido quando ele a olhou. Só percebeu
que prendia a respiração quando soltou.
- Bom dia Edgar- ela sorriu –
Como está?
- Melhor. – Ele respondeu.
- Que ótimo, Eu lhe trouxe isso.
- Ela abriu o cavalete e posicionou na frente dele. Recostou a tela no pé do
cavalete e estendeu o carvão vegetal que restava em suas mãos – Tome isso lhe
fará bem.
- Você conhece meu amigo? –
Indagou Edgar. Chloe foi pega desprevenida não fazia ideia de a quem ele se
referia. Voltou a mão para perto do corpo – Amigo? Que Amigo?
- O senhor Bispo do Rosário. Ei!-
ele se inclinou para frente, surpreso- Volte aqui! Droga! Ele é meio
tresloucado sabe? Vive por aí coberto por aquela manta que ele mesmo fez
enquanto estava aqui internado. Qual era a sala dele?- indagou de cenho
franzido. Chloe não sabia o que fazer. Por um breve momento sentiu medo. Pensou
em olhar para Brady em busca de resposta, mas percebeu que ele precisava de uma
resposta rápida.
- Bem... Eu não sei...- Ela
estava sendo sincera.
- Mas...- Edgar abaixou a cabeça
e o seu tom de voz se entristeceu – O meu outro amigo desapareceu. Você não o
viu por aí? Salvador Dali. Era meu mentor. Agora... Agora ele não aparece mais
para me ver – Naquele momento Chloe sentiu uma enorme compaixão. Gostaria de dizer
que havia visto o Dali e que tudo ficaria bem, em vez disso apenas estendeu o
carvão vegetal novamente e disse:
- Tome Edgar. Por que você não
pinta os seus outros amigos? – Ela apontou para os demais pacientes que
caminhavam pelo gramado. Edgar se levantou
tranquilamente e pegou o carvão delicadamente.
Posicionou a tela no cavalete e deixou sua imaginação fluir. Chloe
estava impressionada com o que via. Logo se viu rodeada de outros pacientes que
tentavam ver a obra de arte.
- Como se chama isso? – Chloe
perguntou em meio a tantos loucos.
- Surrealismo. Isso
definitivamente se chama... Surrealismo-
Edgar respondeu. Chloe mentalmente concordou e naquele momento em meio a tanta
loucura se viu sã. Ela percebeu que ela essa seria a vida dela. Presa num
sanatório com um artista vivendo em seu mundo. Ela não estava pronta para isso.
Se afastou passou por Brady e lhe entregou o passe de enfermeira depois saiu
correndo. Fugindo do sanatório.
Já era fim de tarde. Ela estava
sentada na escadaria do metrô. Com a mãos na cabeça. Lagrimas escorriam de seus
olhos. Ela escutou passos e alguém
sentando ao seu lado. Ela olhou e ali estava Brady.A observando. Ela não havia
reparado que ele usava óculos ele. Chloe percebeu que não sabia muito sobre o
cara lhe acompanhou nesses últimos meses
- Oi – surrou ele- O que houve?
- Nada... eu apenas... nada
esquece - Chloe abaixou o olhar. Sentiu um nó na sua garganta.
- Você não o conhecia Chloe. Você
só o viu duas vezes!
- Eu sei... Sou incorrigível
quando se trata de amor. Acabo gostando das pessoas erradas.
- Sabe? Eu sou um cara legal. –
Brady começou – Sou um pouco louco. Artista. Posso ser tudo aquilo que você
quiser.Me dê uma chance.
- E quem é você? A única coisa
que sei sobre você é seu nome – Uma pergunta martelava em sua cabeça ´´ e se
ele fosse mesmo um cara legal?´´.
- Bom sobre isso...- Brady
respirou fundo como se medisse cada palavra
- Você mentiu seu nome? – Chloe
se endireitou o olhou com a sobrancelha arqueada.
- Não. Tudo bem... Talvez tenha
ocultado... Meu nome de verdade é Bradgério. Longa história...- Evidentemente
Brady corou. Abaixou a cabeça. Naquele momento parecia vulnerável. Alguém
amável– É sério. Quero que você me conheça. Tenho te observado desde o primeiro
dia e sinto me atraído. Sinto que... Quero estar com você. Vamos deixar de lado
toda essa história com o Edgar e recomeçar – Foi a vez de Chloe corar. Por um
instante ela imaginou um futuro ao lado dele. Andando pelas ruas de Nova York e
gostou.
- Tudo bem... vamos tentar...
Gério.- Chloe não conseguiu evitar sorrir.
- Pode parar. Nem pensar que você
vai me chamar assim! - Brady franziu o
cenho. Ela foi a primeira a rir
intensamente depois ele. No final ambos seguravam a
barriga de tanto gargalhar.
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